Grupo de Folia de Reis Império de Olaria - Versos do Palhaço Maritaca

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Projeto de Educação Patrimonial

A travessia do Atlântico


O percurso através do Oceano Atlântico foi feito com navios à vela de diferentes nacionalidades e tonelagens, sete deles transportavam passageiros enquanto um foi lotado com bagagens. A maior parte dos veleiros seguiu viagem com excesso de passageiros, de acordo com as regras de navegação da marinha holandesa. 

Em cada embarcação foi fixado um regulamento que informava as funções do capitão, assim como sobre as rotinas que deveriam ser adotadas à bordo. Uma delas previa o emprego de homens entre 18 e 45 anos, no serviço da guarda e em tarefas gerais; outra regulava sobre a limpeza dos navios. Sete artigos tratavam de aspectos da higiene pessoal que deveriam ser observados. As práticas religiosas também foram ordenadas pelo regulamento, segundo o qual os padres deveriam ministrar as preces diárias e os ofícios dos domingos e demais dias festivos. Na ausência do sacerdote, o que era a regra, pois havia apenas dois padres viajando entre as oito embarcações, o chefe de família mais velho assumiria as funções sacerdotais. Três refeições diárias foram previstas, com cardápios compostos de carnes secas, algumas leguminosas, laticínios, mel, vinho e aguardente. Houve falta de alimentos frescos, o que determinou a carência de complexos vitamínicos essenciais à resistência orgânica dos emigrantes, já bastante ameaçada por condições adversas e moléstias.

A duração da travessia oceânica variou conforme a data de embarque e o volume transportado por cada veleiro. O "Elizabeth-Marie", por exemplo, navegou mais rapidamente que o "Urania", mais pesado, e gastou 21 dias a menos de viagem. Os incidentes técnicos, em alguns casos, foram motivo de atraso na conclusão do percurso. O "Debby-Elisa" permaneceu quase 20 dias a mais no mar, em virtude do desconhecimento de seu capitão a cerca da situação do porto do Rio de Janeiro, e navegou em direção ao sul sem encontrar a entrada da Baía de Guanabara, somente localizada após vários dias. Os veleiros de "Camillus" e "Deux Catherine" foram os que gastaram mais tempo para completar o percurso, respectivamente 122 e 146 dias. O "Camillus" encalhou na costa inglesa, permanecendo para reparos no porto de Ramsgate, por volta de dois meses. O "Deux-Catherine", por imprevidência de seu capitão ficou à deriva na entrada da Baía de Guanabara, afastando-se da costa brasileira muitas milhas e somente retornando ao litoral fluminense após quase dois meses, em função dos efeitos de ventos contrários.

A face mais dramática desta etapa da viagem ficou registrada no número de óbitos que foi significativo em todos os navios. De um modo geral, um entre seis emigrantes faleceu na travessia do atlântico, essa proporção quase duplica, quando consideramos isoladamente o veleiro "Urania", que transportou 437 passageiros dois quais 107 foram sepultados no mar. Entre tantas condições adversas, certamente a estadia prolongada em ambiente insalubre como o de Mijl foi o que mais contribuiu para o quadro mórbido desta emigração. Lá começam a manifestar as epidemias que iriam se apresentar com maior intensidade em etapas posteriores da viagem, como a varíola, a malária e o tifo. As doenças foram introduzidas nas embarcações através da água que abasteceu os navios que partiram do porto de St-Gravendeel, nas proximidades de Mijl. Este aspecto explica a maior mortalidade associada aos colonos embarcados em Den Helder.


Fonte: http://www.djoaovi.com.br/index.php?cmd=section:da_suica_ate_o_brasil

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