Em 6 de maio de 1818, Monsenhor Miranda é nomeado Inspetor e Administrador Geral da colônia pelo rei D. João VI que lhe atribui importante missão: comprar a fazenda de Morro Queimado, localizada ao norte da Baía de Guanabara, a uma altitude de 847 m acima do nível do mar, na vertente norte da cadeia da Serra do Mar. Local este considerado ideal para fixar a colônia suíça.
De propriedade do Sr. Correia Dias, que ali se propusera a criação de gado, talvez decepcionado pelas condições desfavoráveis à pratica desta atividade, negocia a fazenda, vendendo-a ao cônego Almeida. Registrado, na época, o preço de venda foi fixado em 500$000 réis.
Foi deste último, então, que Miranda adquire as terras destinadas, pagando por elas o absurdo valor de 10:000$000 réis. Um verdadeiro escândalo financeiro para a época, tantas eram o número de terras devolutas existentes.
Considerada ainda insuficientes, Monsenhor Miranda adquire, também, 2 outras sesmarias; completando, desta feita, o território destinado à fundação da colônia.
Iniciam-se, então, os trabalhos preparativos com seguidas obras de construção das pequeninas casas que iriam abrigar os colonos suíços, assim como outras benfeitorias necessárias. Com mão-de-obra contratada em Minas e Macacu, pouco se sabe dos detalhes técnicos de tal empreitada. De junho até dezembro de 1818, os trabalhos são parcialmente concluídos, ficando a colônia organizada da seguinte maneira: na margem esquerda do Rio Bengalas, no lado oeste, fica localizado o prédio do Administrador e seus empregados; local onde, hoje, se encontra o Colégio Anchieta. Do outro lado do rio, estende-se o restante da colônia, dividida em 3 núcleos: o primeiro conjunto de casas encontra-se próximo ao rio Santo Antônio, com 14 casas dispostas em torno de uma praça retangular. Hoje, praça Marcílio Dias. Atravessando uma pequena ponte e seguindo estrada na direção norte, vamos encontrar o segundo e principal conjunto de residências no centro da colônia. São 48 casas construídas lateralmente ao longo de um grande retângulo. Hoje, praça Getúlio Vargas. Finalmente, mais ao norte, 38 casas; no local hoje conhecido como praça Primeiro de Março, no bairro Village.
Os primeiros anos de 1820
Em 4 de março, às 14 horas, o Inspetor Monsenhor Miranda chega a Nova Friburgo, onde é calorosamente saudado pelos suíços com tiros de mosquete e empregados portugueses. No dia seguinte, o padre Jacob Joye celebra missa de Ação de Graças, dirigindo palavras amigas aos seus paroquianos, evidenciando as bondades do rei e de seu mandatário.
Na sexta-feira, dia 6 de março, as primeiras providências são tomadas e, com elas, a publicação de alguns avisos de atenção: "É proibido caçar sem o consentimento prévio do Inspetor"; "Aos casos de furtos e roubos, os culpados serão punidos com severidade". Com estas e outras medidas administrativas, o Monsenhor Miranda, aos poucos, implanta a sua política de direção da colônia. Em 15 de março, surge a necessidade de uma força policial. Para dirigi-la, é convidado o francês Charles-Emmanuel Quévremont. Este, já entitulado Comissário Geral Provisório de Polícia, realiza, nesta ocasião, um apelo a todos: para que colaborem da melhor maneira possível; em especial, os pais e chefes de família, para manutenção da ordem e tranqüilidade de toda colônia.
Também, com objetivo de embelezar a cidade, muitas ferramentas são distribuídas para que possam ser realizadas algumas obras de melhoria. Pontes são construídas, abrem-se algumas valas para escoamento da água, etc. Segundo Martin Nicoulin, em seu livro "A Gênese de Nova Friburgo": "não há muito empenho dos colonos na execução destes serviços, o que força o Comissário Geral a tomar atitudes mais enérgicas, impondo serviço obrigatório para todos".
No final de março de 1820, a situação da colônia era a seguinte: 100 casas haviam sido construídas para abrigo dos colonos. Eram moradias pequenas, em número insuficiente para os 1.631 suíços recém-chegados. A superlotação foi inevitável. A média de moradores por casa era altíssima, em torno de 17. Famílias convivendo junto à outras, agravavam, ainda mais, a vida em Nova Friburgo no início daquele difícil ano. Contudo, a esperança era grande; afinal, para a grande maioria, o pior havia passado. Nova Friburgo estava apenas iniciando.
Festa de comemoração da fundação da colônia
17 de abril de 1820, foi o dia escolhido para o assentamento simbólico do marco de fundação da cidade de Nova Friburgo. Uma grande comemoração foi, então, preparada. O Ministro Ouvidor da Comarca do Rio de Janeiro viaja para Nova Friburgo, enviado pelo S.M. D. João VI, para acompanhar e representá-lo na festa comemorativa de fundação da cidade. Organizam-se cortejos e discursos. Os colonos vestiam suas melhores roupas e todos estavam felizes, assistindo aos fogos de artifício, tambores, salvas de morteiros que ecoavam pelo vale. Nova Friburgo estava em festa. Houve um banquete na casa do administrador e, ao cair da tarde, neste mesmo local, foi organizado um baile no salão principal, onde todos dançaram e cantaram músicas típicas de suas pátrias. Nesta mesma noite, o Inspetor escreve uma carta ao rei, destacando o significado do acontecimento.
A vila de Nova Friburgo existe e está organizada.
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